CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 31 de julho de 2011

Vídeo no YouTube: Big Brother Brasil, um programa imbecil

Reproduzido de barretocordel.wordpress.com/

ALGUNS PROGRAMAS POLICIAIS DA TV PARAIBANA: UMA PALHAÇADA DE MAU GOSTO

Por Manoel Belizario


anacleto-reinaldo-chumbo-grosso[1]


Os programas policiais exibidos pela TV brasileira são tipicamente sensacionalistas. Na Paraíba, no entanto, além de sensacionalistas alguns destes tais programas ganham uma característica a mais na escala do ridículo: a da palhaçada. Não me refiro à palhaçada circense porque esta é desempenhada por um profissional que no contexto devido cumpre muito bem com o seu papel. Refiro-me a uma palhaçada de péssimo gosto em espaço e contexto indevidos.
Os apresentadores utilizam as mais fúteis estratégias para atrair telespectadores. Samuca Duarte da TV Correio, por exemplo, é o melhor exemplo desta categoria de baixo nível. Conforme são apresentadas as reportagens enfocando os piores acontecimentos locais relacionados à violência – de preferência os casos mais grotescos – Samuca esbraveja num tom pouco convincente, deita no chão, tira paletó e gravata, ergue um cajado. Tudo para convencer o telespectador de que está indignado. Seu repórter principal ridiculariza exaustivamente os entrevistados que são geralmente jovens pobres das periferias da Grande João Pessoa envolvidos em crimes. Os repórteres secundários têm apelidos poucos comuns para programas televisivos que tratam de coisa séria – como é o caso. Samuca chega ao ponto de fazer shows em praças públicas com banda de forró e tudo. Durante estes shows ele se alterna entre festejar com o povo ( festejar o quê?) e chamar as reportagens.
Outro apresentador ridículo é Anacleto Reinaldo da TV Arapuan que usa os mais esdrúxulos palavrões em seus comentários.
Tais programas são pensados para atrair a parcela mais pobre da população. Não só pobre de alimento, mas principalmente de cultura e consciência cidadã.
São culpados por este desserviço ao povo paraibano não somente os apresentadores, mas principalmente os proprietários de TV que permitem este tipo de programa na grade de suas emissoras. Porém não nos esqueçamos de que para os empresários o que importa mesmo é o dinheiro e para ganhá-lo não interessa o nível de baixaria a que seja preciso se submeter. Ou seja, não é a cultura nem a Paraíba nem as pessoas que habitam o nosso estado que estão em primeiro lugar, mas o dinheiro. Só o dinheiro e nada mais.


Programa policial
Torce pela coisa feia:
Estupro, assassinato,
Gente pobre na cadeia
É uma festa barata
Por sobre a desgraça alheia


Porém aqui na PB
Além do acima exposto
Muito apresentador
Assume mais este posto:
De palhaço fanfarrão
Piadista de mau gosto.


Porque se o assunto é sério
Se espera seriedade.
Quando se faz sacanagem
Aumenta a barbaridade
A cultura diminui
E a inteligência evade.


Programa policial
Com teor de palhaçada
Reduz a pessoa humana
A muito menos que nada.
Empobrece mais ainda
Quem vive à beira da estrada.


Isto reflete ao país
A pobreza cultural
Imposta pelo poder
Da TV na capital.
Trazendo à população
O pensamento banal.


Isto reflete ao país
Os anseios do poder
Interessado em dinheiro
Relativiza o saber
Pois cidadão consciente
Não concorda com essa gente
Logo desliga a TV.

Estado do Gurgueia - Em Literatura de Cordel (PI)

Reproduzido de gurgueia.org.br


Autor: Raimundo Cazé

Quando alguém numa família
Se casa e vai embora
Ganha essa mesma família
Um novo braço lá fora
Torna-se mais conhecida
E sua sorte melhora

Se numerosa a família
Com os filhos todos casando
É certa a prosperidade
Pois vai se multiplicando
Fato que é comprovado
Quando os filhos vão chegando

Com base nesse fenômeno
Da vida familiar
Devo dizer aos leitores
Sem ter medo de errar
A divisão de um estado
É uma conta de somar

Não interessa saber
De onde veio a ideia
De dividir o Estado
Com a criação do Gurgueia
O importante é ganhar
Mais abelha na colmeia


Vive o sul do Piauí
Por governos esquecido
Sem ter como progredir
Ponta de um corpo comprido
De onde nunca se escutam
Seu grito, riso ou gemido

Essa parte do estado
Vivendo assim esquecida
Tem o direito sagrado
De ter sua própria vida
Basta só que um plebiscito
Lhe autorize a partida

Autorizada por lei
A divisão do Estado
Teremos rachado, eu sei
Um território emperrado
E que dividido ao meio
Ficará mais respeitado

Do território de origem
Nada será retirado
O novo estado já nasce
Como seu forte aliado
Acolhendo a mão de obra
Do pobre desempregado

O novo estado a surgir
Não tem capital erguida
Onde quer que seja a sede
Terá que ser construída
Nascerá gerando emprego
E novas chances de vida

Dará mais chances ao jovem
Formado ou em formação
Novas oportunidades
Na área de Educação
Novos cursos e concursos
Para qualquer profissão

Terá você no futuro
O orgulho de ter dado
Independência ao Gurgueia
E seus irmãos aliados
Que traçarão seu destino
Depois de emancipados

Quem sabe se o novo estado
Não será sua morada
Quando a parte de origem
Estiver congestionada?
Tudo na vida é possível
Deus não faz a coisa errada!

Votando pelo Gurgueia
Você não age no escuro
Existem muitos exemplos
De passo firme e seguro
Basta ver o Tocantins
Ter alcançado o futuro

Veja quantos municípios
O Piauí tem criado
E mostre ao menos um
Que não tenha prosperado
Toda emancipação
Trás sempre bom resultado

Não devemos reprimir
O desejo de um povo
Quem mora no Piauí
E quer um estado novo
Não se dá por satisfeito
Pisando em casca de ovo

Viver no sul do Estado
Sem ter nenhuma assistência
É eleger governantes
Sem exercer influência
Como quem não participa
Por falta de competência

Se você não conhece o sul
Sinta-se então convidado
A visitar suas terras
Sua lavoura, seu gado
Sua gente laboriosa
Trabalhando no pesado

Veja o que falta por lá
Em matéria de assistência
Seja na agricultura
Na saúde ou na ciência
E verá gente dotada
De amor e persistência

Pra crescer e prosperar
Hoje o sul do Piauí
Precisa se emancipar
E ter como decidir
Não há outra solução
Não adianta insistir

Tem que haver independência
Governo próprio e capaz
De enfrentar a concorrência
Seguir sem olhar pra trás
Agindo com competência
Ganhando e querendo mais

O estado do Gurgueia
Só depende de você
Com seu voto independente
Para ajudá-lo a nascer
Faça isso e assista
O novo estado crescer

Não negue apoio a quem sonha
Com o desenvolvimento
E precisa de autonomia
Esse importante instrumento
Que alavanca o progresso
Em todo e qualquer momento

Vote sim e se orgulhe
Do estado que vai surgir
Ele será seu vizinho
Se lá não for residir
Depois diga: eu fiz nascer
Um filho do Piauí.

Esse filho saberá
O seu voto agradecer
Acolherá em seu seio
Sua família e você
No trabalho ou moradia
E até mesmo no lazer.
FIM

(Obs: a intenção de reproduzir este cordel aqui não é apoiar a criação deste novo estado, mas mostrar a criatividade do autor ao tratar do tema se utilizando da Literatura de Cordel – Manoel Belizario)

Imagem:raimundocaze.zip.net

sábado, 30 de julho de 2011

Se cordel é seu tipo favorito de literatura, o que você procura tem aos montes na Flit

Reproduzido de secom.to.gov.br

Uma manifestação tipicamente brasileira, a literatura do cordel tem admiradores até lá nos confins, inclusive aqui na Feira Literária Internacional do Tocantins. Na Estação Cordel, bem na Praça dos Girassóis, várias pessoas, delas um mundarel, se divertem com as poesias expostas em cordões presos por uns nós. O repente também agrada ao povo, que canta junto e gargalha à beça, pedindo aos repentistas “canta de novo”, sendo prontamente atendido pelos que tem acelerador de ideias na cabeça. No início das noites de Flit, na própria Estação, poesias e cânticos, hora com eiras hora sem beiras, são entoados por muita gente, agora segue de alguns que participaram a declaração, calma gente! Os textos vêm logo aí "pra" frente.

Para Valdemar Rodrigues de Sousa, de Porto Nacional, a literatura de cordel possui um estilo próprio que cativa os leitores e pode auxiliar na educação. “Existem diversas formas de leitura e a do cordel, entendo assim, é a mais lúdica, pois é sempre ritmada, breve e deixa os recados claros. Bem utilizado, o cordel é uma maneira mais atraente para incentivar os alunos a adquirirem o hábito da leitura, ou até mesmo de educá-los. Eu mesmo já usei em sala o meu ‘cordel do trânsito’, que diz assim em um trecho: ‘o povo fala, reclama da violência, mas o que mata no trânsito é a tal da imprudência’”, exemplifica o cordelista.

Amante do cordelismo, Edivângela Gregório exalta a importância da Estação Cordel para a popularização deste estilo estritamente nacional. “Sou de Pernambuco, que é o berço do cordel, por isto venho aqui neste espaço todas as noites, primeiro por amar esta arte, depois porque estar em meio a tanta gente recitando cordéis ou cantando repentes me faz matar um pouco a saudade da minha terra. A Estação Cordel é um dos vários grandes acertos da Flit, pois envolve a valorização da cultura nacional, entretenimento e muita emoção, principalmente para os nordestinos aqui presentes”, exalta a professora que há sete anos reside em Palmas e fez questão de subir ao palco para recitar o tradicional e cômico cordel “Jesus no xadrez”, de Zé da Luz.

Cordel e outra nordestina vertente: o repente

Segundo Izaias Gomes, professor o cordelista do Rio Grande do Norte, muitas pessoas não sabem o que exatamente caracteriza um cordel, o encarando de maneira minimalista. “Eu me atrevo a dizer que 90% das pessoas têm uma visão errônea sobre o que é o cordel, acreditando que ele se resume a versinhos rimados expostos em folhetos simples, coloridos, com xilografias, e expostos em barbantes. O cordel é poesia e ele pode ser manifestado de diversas maneiras, seja em folhetos, livros ou músicas, como o próprio repente. Estou feliz por este espaço que foi dado ao cordel, principalmente por se tratar de um evento grande, internacional; assim, não só vamos ter a chance de popularizarmos o cordel como também desmistificarmos muitas coisas sobre eles”, afirma o cordelista, autor do “Provérbios populares em cordel.”

Conforme também explica o repentista Sebastião da Silva, que em dupla com o colega de profissão Severino Feitosa realizou uma cantoria de repente nordestino na Estação Cordel, o repente e o cordel caminham juntos nas estradas da cultura popular brasileira. “As culturas repentista e cordelista são muito próximas, são artes-irmãs já que possuem características semelhantes e propostas de valorização do regionalismo também. Aqui na Flit os que tiveram menos contato com ambas estão podendo aprender um pouco sobre elas, e estamos muito felizes por fazermos parte desta festa toda, que veio para se tornar uma espécie de copa do mundo da cultura nacional, tanto regional como internacional”, exalta Sebastião, que é amigo de Severino há cerca de 40 anos.

CORDEL: MÓI DE VAGABUNDO

Fonte: padrecelestinopimentel.blogspot.com

Por Marco di Aurélio

Eu num sei porque bixiga
cupim só dá em madeira
deveria dá em gente
comendo assim pelas beira
livran´esse nosso mundo
de um mói de vagabundo
que só pensa em roubalheira.

É muita cara-de-pau
um magote de safado
ter sentado numa escola
uma vaga ocupado
pra dispois passar a mão
e viver feito ladrão
e de doutor ser chamado.

Eu mesmo num sei mais não
só queria entender
como é que uma família
cum seu jeito de viver
educa o destinatário
pra virar um salafrário
que bota o povo a sofrer.

Inda fica orgulhosa
dizendo pra todo mundo
que tem um filho bonito
com saber muito profundo
e que hoje é deputado
sem saber qu´ele é safado
um eterno vagabundo.

É triste ter que ouvir
uma mãe tão enganada
defender um tribufú
das urêia encarnada
de tanto mamar na teta
de viver só de espreita
da nação arreganhada.

Eu aqui acho é pouco
o povo nunca quer ver
pra escolher deputado
que tem honra no viver
é preciso muita luta
pois o cargo se disputa
no dinheiro de correr.

Tem um ditado que diz
pro mundo ficar lascado
é preciso dois jumento
um em pé outro sentado
um dizendo como é
que ele quer o cabaré
com o outro bem calado.

Eu num sei por quanto tempo
tenho ainda de esperar
que o jumento assentado
sinta seu rabo coçar
e levante da preguiça
olhando pra injustiça
de seu jeito de votar.

Quem sabe juramentado
de um novo bem saber
cum o rabo já coçado
sem a perna se tremer
ele aprenda a lição
que é numa eleição
a chance de se eleger.

Eleger o próprio, não!
o camim mal começou
eu num sei qual o pecado
da desgraça do estupor
que malassina seu nome
já dá nele uma fome
de já ser governador.

Hôme! Lá dê-se o respeito
pegue já o seu atalho
primeiro seja eleitor
um macaco de seu galho
num queira passar os pés
você num vale dois réis
nessa mesa de baralho.

Os eleito me perdoe
ser aqui muito sincero
a maioria da casa
tanto baixo e alto clero
chegou aí de trivela
sendo hoje essa mazela
cum o mesmo lero-lero.

Mundiça! Tome vergonha
deixe de atrapalhar
um país que quer crescer
um povo que quer sonhar
com um futuro melhor
pegue lá seu fiofó
vá pro inferno coçar.

Seja sua serventia
essa sua fulerage
vá de ladeira abaixo
se for capaz de corage
o diabo que te carregue
muntado em riba dum jegue
celado de mudernage.

É esse o teu destino
num venha cum latumia
teu caso num tem remédio
quem disser que tem é fria
pois nunca vi um ladrão
ter calo no mei da mão
ou se acordar cum o dia.

Mas tu vai te arrepender
é pena ter sido tarde
o inferno vai cobrar
cada pedaço de carne
e ainda vai ter troco
e no teu buraco oco
vai ter pimenta que arde.

Eu só queria que um dia
o diabo dissesse assim:
quem tiver cum a molesta
chei de dente no fucim
comendo o que é dos outro
tem vaga pra capiroto
aqui bem junto de mim.

Eu mandava ajuntar
dum lugar que eu conheço
um balaio de ladrão
para servir de começo
juro que esborrava
de safado espirrava
o salão do endereço.

Parece que tou te vendo
cum o rabo entre as perna
acuado pelos canto
de tua casa paterna
pedindo abença o cão
dizendo ser bom ladrão
e o mundo é que num presta.

Ora se eu bem soubesse
se lá o diabo aceitava
receber antencipado
a corja que aqui roubava
eu ficaria cansado
vesgo, estrupiado
pro inferno eu empurrava.

Deixava o roçado limpo
a erva daninha morta
plantava a mãe justiça
bem no meio dessa horta
e o mundo vacinado
com um muro levantado
pra ladrão nunca ter porta.

Mandava passar um cal
no terreno da roubança
pegava aqueles dois pratos
testemunhas da lambança
derramava racumim
tocava fogo em tudim
até mesmo na lembrança.

Ficando lá de vigia
uma trinca de punhal
na hora que o mal viesse
a capada era geral
cabôco ruim num vingava
os ladrão se acabava
bem antes de virar pau.

Por certo esse país
precisa se acordar
precisa tomar vergonha
precisa saber votar
pois quem tem o seu ladrão
num reclame outro não
merece se estrupiar.

Imagem: blogdoturca.blogspot.com

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Manoel Monteiro fala dos avanços do cordel e sua utilização em sala de aula (TO)

Fonte: omelhordaamazonia.com

O ícone do cordel no Brasil, Manoel Monteiro, conversou com a equipe da Assessoria de Comunicação da FLIT nesta terça-feira, 26. Ele e Moreira de Acopiara fizeram um duelo de poesias na Estação Cordel. Manoel Monteiro falou dos avanços que o cordel teve ao longo dos anos, da sua importância como ferramenta auxiliar do professor em sala de aula e dos livros que são apreciados até pelos analfabetos.

O poeta Manoel Monteiro explicou que no Brasil três livros são lidos com frequência: a Bíblia ou um livro indicado pelo líder da igreja; os folhetos de cordel e o lunário, que as pessoas consultam para saber as condições do tempo. São exemplares que até os analfabetos sabem de cor de tanto ouvir alguém contar.

Simpático e bem humorado, Manoel Monteiro vai falando sobre a evolução do cordel nos últimos anos. Ele trabalha para cinco editoras, uma delas, a FTD, que publicou coletâneas de clássicos reescritas na forma de literatura de cordel, como o Gato de Botas, um conto de Charles Perrout. A esse fenômeno, Manoel Monteiro, denomina de maioridade do cordel.

Manoel Monteiro frisou que o seu objetivo de vida é levar o cordel para a sala de aula. Essa tarefa tem sido um sucesso. “O cordel merece um estudo criterioso de pessoas comprometidas com o conhecimento”.

Ele contou uma história verdadeira, daquelas dignas de um folheto. Há 50 anos, Manoel Monteiro havia escrito um cordel denominado “A vida do filho de Antônio Cobra Choca”. Como nesta época Manoel Monteiro fazia cordéis para vender na feira, não deu muita importância para sua produção, acabou perdendo o original e não tinha mais exemplares. Anos depois, em uma escola de Londrina, Paraná, havia passado por lá, um divulgador do cordel da Paraíba, que tinha adquirido o exemplar do tal livro e contou a história na escola. De tanto que gostaram, mandaram fazer novos exemplares e um deles chegou até Manoel Monteiro, para alegria do seu criador.

Nesta nova roupagem do cordel, Manoel Monteiro conta que o seu objetivo não é para diversão, mas para que as pessoas passem a gosta de ler, porque a poesia é uma magia que atrai pessoas.

Para ser cordelista tem que ter comprometimento com a qualidade do que se produz, é necessário ser culto, saber das normas da Língua Portuguesa, porque a linguagem coloquial não contribui para o crescimento pessoal, diz Manoel Monteiro. “O cordel é vivo, não substitui nada na sala de aula, funciona como auxiliar do professor. Os lares estão cheios de objetos eletrônicos e poucos livros. O objetivo do cordel é fazer leitores”, afirma.

Um exemplo de como a literatura de cordel está sendo utilizada em sala de aula acontece na Escola Infantil Casinha de Brinquedo, em Campina Grande (PB), onde alunos de 4 a 5 anos publicaram seu primeiro volume, com textos e ilustrações de criação das próprias crianças. Manoel Monteiro enfatiza que além de ser para alunos de todas as idades e classes sociais, o cordel não é artigo nordestino, é artigo brasileiro.

Amanhã é o último dia de exposição sobre cordel em Santa Rosa (RS)

Fonte: fecomercio-rs.org.br

Até esta sexta-feira, dia 29 de julho, o município de Santa Rosa recebe a exposição “O Cordel e o Cantador – Mostra didática sobre literatura de cordel”. As obras que compõe a mostra estão à disposição para visitação no Sesc local (Rua Concórdia, 114), das 8h às 22h, com entrada franca.

A exposição pretende resgatar a literatura de cordel, reproduzindo no formato comum, onde os cordelistas/poetas populares apresentam seus trabalhos pendurados em cordões, com as capas voltadas para o público, além de destacar o papel do catador ou repentista. A atividade faz parte da agenda do Arte Sesc – Cultura por toda parte e antecede as comemorações do Mês do Folclore, que é em agosto.

A literatura de cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel. Chamam a atenção pela forma que são expostos para venda: pendurados em cordas ou cordéis, fato que deu origem ao nome dado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores ou cordelistas recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Sobre o Sesc - No Rio Grande do Sul, o Sesc está presente em mais de 450 municípios com atividades sistemáticas em áreas como a saúde, esporte, lazer, cultura, cidadania, turismo e educação. Desta forma, o Sesc/RS desempenha o papel social assim como o Senac/RS o da qualificação profissional do Sistema Fecomércio-RS que atua em âmbito econômico, político e social pela constante qualificação e crescimento do setor terciário gaúcho. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.sesc-rs.com.br.

Imagem: pilaremfoco.com.br/site/?

Melhoria no Ideb e cordel como ferramenta didática da Educação são temas da formação continuada na FLIT - (TO)

Fonte: secom.to.gov.br

Educadores de todas as regiões do Estado têm marcado presença nas palestras e oficinas que compõem a programação da formação continuada oferecida pela FLIT

Demonstrando grande interesse em se aprimorar, os educadores de todas as regiões do Estado têm marcado presença massiva nas palestras e oficinas que compõem a programação da formação continuada oferecida pela Feira Literária Internacional do Tocantins (FLIT). Durante esta quarta-feira, 27, por exemplo, os auditórios do Tribunal de Justiça (TJ) e da Assembleia Legislativa (AL), respectivamente, receberam, dentre outras atividades, uma palestra com o tema “Metas e Ações para elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)” e uma oficina sobre a utilização do cordel como ferramenta didática da educação.

Ministrada pelos professores Maria Antônia Almeida Costa e Francisco Alves Nascimento, a palestra apontou algumas ações realizadas na Escola Beatriz Rodrigues da Silva, de Palmas, que levou a unidade à melhor colocação das regiões Norte e Nordeste do Brasil e entre os 50 melhores de todo o país, conforme explica a professora Maria Antônia. “Em dois anos, intervalo entre as pesquisas, o índice do Ideb da escola subiu de 4,7, em 2007, para 7,5, em 2009. Agora nós ainda aguardamos os resultados de 2011. A nossa proposta aqui é justamente a de explanar as experiências positivas. Dentre elas estão a busca pela prática da interdisciplinaridade, a elaboração de material apostilado produzido pela própria unidade, simulados mensais e, também, reuniões mensais com os pais e os alunos, para que possamos monitorar mais precisamente o desenvolvimento educacional e cidadão de cada estudante”, exemplificou a professora.

Educando e poetizando

A oficineira Valquíria de Lima Maranhão ensinou a metodologia de utilização do cordel nas aulas de português e literatura para as professoras que se inscreveram para esta modalidade de formação continuada. Pernambucana residente em Palmas há cerca de oito anos, Valquíria Maranhão explicou que o baixo custo da implantação do projeto em unidades de ensino e o ganho que ele promove para os alunos envolvidos é um dos destaques da utilização do cordel nas salas de aula. “A partir do cordel, os alunos tomam mais gosto pela literatura, já que ele é caracteristicamente lúdico, divertido, além de possuir ritmo e um quê teatral que os cativa muito rapidamente, despertando nos estudantes o interesse maior pela leitura. Sem contar que podemos trabalhar a adaptação de obras literárias, a voz e as técnicas de plataforma, de encenação, os tornando menos desinibidos e mais comunicativos”, destacou a cordelista, que leciona Comunicação e Expressão no Centro Universitário Luterano de Palmas - Ulbra e coordena o projeto “Baú de leitura”, na Escola Estadual Maria dos Reis Alves Barros, do Taquari.

Professora de literatura do Ensino Médio do Colégio Estadual Lagoa da Confusão, no município de Lagoa da Confusão, Magnólia Gomes da Rocha disse que após a familiarização dos estudantes com a dinâmica do cordel, o desenvolvimento das aulas flui de maneira muito natural. “Eu já experimento a utilização da literatura de cordel nas minhas aulas há quatro anos, mais ou menos. No início, confesso, a resistência dos alunos complicava tudo, já que eles não eram acostumados com a metodologia. Mas isto é só no começo mesmo, e logo passa, pois o caráter lúdico e animado do cordel aguça o interesse deles e os cativa, tanto é que atualmente realizamos ótimos trabalhos juntos”, ressaltou a professora.

Clube Literário do Amazonas apresenta a Literatura de Cordel

Versos impressos em papel, que muitas vezes são pendurados em cordas ou barbantes, eis a Literatura de Cordel

Versos impressos em papel, que muitas vezes são pendurados em cordas ou barbantes, eis a Literatura de Cordel

Por Dheik Praia

jornalismoam@band.com.br

Um estilo popular de escrever poemas, onde os versos são compostos por rimas que muitas vezes acompanham a xilogravura. Geralmente, quando recitados, os poemas são acompanhados de viola, para chamar atenção dos compradores.
A origem é de Portugal, mas no Brasil também é possível encontrar grandes cordelistas, principalmente no Nordeste, representados por Leandro Gomes de Barros e João Martins Athayde.
Os cordelistas são considerados o representante do povo, responsáveis pela reprodução de suas dores e seus amores, de forma exagerada ou simplória, mas o que vale mesmo é a diversão.
Tendo como objetivo aproximar o público amazonense desse estilo de poema, o Clube Literário do Amazonas (CLAM), realiza na quinta-feira, 28, a partir das 19h, no Espaço Cultural da Livraria Valer, a Quinta-Smithiana, que destacará a Literatura de Cordel.
Na ocasião, o cearense Edvan Rafael, que tem como característica de sua produção literária o cordel, comandará o sarau apresentando obras de própria autoria e de diversos cordelistas.
Para saborear um pouco desse estilo, um poema do carioca Zé da Luz, Ai! Se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse??
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Fonte: .band.com.br

A POLITICAGEM NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DA PARAÍBA

FUNDO DO POÇO Por Manoel Belizario

É sabido de todos que na gestão do ex-governador da Paraíba, José Maranhão, a atual oposição praticamente não lia os projetos e aprovava de imediato. E agora com a ferrenha oposição à construção do shopping em Mangabeira fica visível o nível de politicagem alcançada pela assembléia paraibana. Sabe-se que, uma vez construído, o shopping vai gerar mais de três mil empregos. Mas os ditos deputados insistem em fazer oposição por oposição. Afinal de contas eles estão fazendo jus ao fundo do poço milenar no qual a Paraíba foi entregue ao atual governador. Eles estão servindo à política da mesquinharia que dá ao estado a bagatela de 4° lugar no ranking dos estados mais pobres do país. Esta postura egoísta costumeiramente assumida pela maioria dos políticos paraibanos indigna e frustra aqueles que sonham em ver este estado prosperando em todos os aspectos.

O caso da construção
Do shopping de Mangabeira
Onde todo mundo vê
Que a ação é de primeira,
Porém os politiqueiros
Tapam o sol com peneira.

O papel de um deputado,
O cume de sua ação,
Deve estar sempre voltada
Em prol da população,
Mas aqui na Paraíba
Cada um quer seu quinhão.

A ação dos deputados
É altamente egoísta
Pensando no próprio bolso
Numa atitude bairrista
O povo? Ah que se dane!
Eita bando de golpista!

Porém ainda acredito,
Sei que você também sonha
Que este pensar medíocre
Nosso estado transponha
E então possa surgir
Parlamentar de vergonha

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"O AMOR e a FÉ" este é o nome do cordel que será lançado durante o ForróAmante 2011. (Diamante PB)

Fonte: DiamanteOnline

Durante o grande evento que acontecerá na cidade de Diamante no próximo final de semana, o policial cordelista Nicário Palmeira Honorato Poeta do Oiti da cidade de Itaporanga PB, estará lançando mais uma edição de seus cordéis, com todo o desempenho ele esteve fazendo varias apresentações em toda a região.
Honorato estalará uma barraca cujo o nome é o mesmo da novela da globo que tanto esta fazendo sucesso por todo o Nordeste “CORDEL ENCANTADO”, aqueles que tem afinidade com a arte sinta-se convidado a participar deste lançamento e aos que ainda não conhece o convite também esta feito desde já.
Ai vai o convite em forma de versos.

Sou poeta com orgulho
Com prazer eu digo aqui
Sou o Cabo Honorato
Sou da Barra do Oiti
Sou filho de Araúna
Que foi uma grande ruma
De homem que tinha ai
XX
Tenho um coração partido
Partido de emoção
Amo a minha Itaporanga
Mas digo de coração
Todo dia a todo instante
Eu adoro Diamante
Com amor e com paixão
XX
Ao vale do Piancó
Ao povo do meu lugar
Vou mostrar o meu trabalho
Vou ai apresentar
Se você adquirir
Com certeza eu digo aqui
Deus vai lhe abençoar
XX
É uma historia linda
De amor e de paixão
De um gago falador
De um cego da visão
Que na vida encontrou
Na palavra do senhor
A força da salvação
Nicário Palmeira Honorato
Poeta do Oiti

terça-feira, 26 de julho de 2011

CORDEL NA FLIT (TO)

Por Dalinha Catunda

O Governo do Estado do Tocantins, por meio da Secretaria de Educação realizará, no período de 25 de julho a 03 de agosto de 2011, em Palmas, a Feira Literária Internacional do Tocantins – FLIT.
O cordel que vem tendo um ano promissor terá um espaço especial na FLIT. Além de cordelistas, repentista e declamadores de vários Estados a ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel, convidada, terá boa parte de seu colegiado participando deste evento.
O Presidente Gonçalo Ferreira da Silva, Mestre Azulão, Chico Salles Moreira de Acopiara, Manoel Monteira e eu Dalinha Catunda uma saia entre tantas calças.
Farei o recital: “Sertaneja, Sim Senhor!” Em duas apresentações, nos dias 30 e 31. Além de nossas apresentações teremos o espaço Estação Cordel na Praça dos Girassóis para expor e vender nossos cordéis
O Cordel de Saia dará mais informações no decorrer da semana.
Abaixo um poema de minha autoria para Palmas:
*
BELA DAMA DO CERRADO
Palmas, linda capital
No centro desta nação
Totalmente programada
Assim foi tua construção
Muito bem arborizada
E vendo-a fico encantada
E até faço louvação.
*
És maior em Tocantins
Mimosa flor do cerrado,
Tão jovem e tão bonita
Bem segura em teu traçado
Olhando tuas palmeiras
Relembro minha Ipueiras
Que até hoje é meu condado.
*
A Palma do buriti
Que é farta no Jalapão
E também é encontrada
Pras bandas do meu sertão.
Bela dama do cerrado,
Neste encontro bem marcado,
Roubaste meu coração.

-- Dalinha Catunda

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Imagem: programacensuralivre.blogspot.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O SERTÃO E A DESVALORIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR

   

Por Manoel Belizario

       Qualquer pessoa que visite o sertão hoje na perspectiva de encontrar um espaço que faça jus ao status de habitat natural da Literatura de Cordel e da cultura popular nordestina com certeza ficará decepcionado: as terras sertanejas hoje em dia,  como nunca, servem ao lixo cultural invasor de todo o nosso país.
       Lembro com muita saudade de meu tempo de criança no sitio Lages entre os anos de 1985-1990. Foi nesta época que presenciei a efervescência da cultura popular em minha região. Brincadeiras de roda, galhinho de amor, do anel, passeio, cai no poço, as leituras de livretos, recontação dos mesmos em forma histórias nas debulhas de feijão, etc.
      Com o surgimento da TV lá em meu sítio, em 1990 aí mudou-se o foco e ninguém quis mais saber de outra coisa, só das novelas que ainda me lembro que estava passando à época: Gente Fina, Mico Preto, Rainha da Sucata, etc. Ninguém tinha outro assunto para falar.
      Durante o tempo que permaneci no Sertão, na zona urbana – entre 1990-2004 sinceramente não tive oportunidade de ter um contato expressivo com as manifestações culturais populares. Conheci muito pouco do forró de raiz e a Literatura de Cordel simplesmente desapareceu.
      Foi em João Pessoa que tive oportunidade de conhecer mais a fundo as manifestações culturais do sertão e portanto passei a dar um especial valor às mesmas.
      Vejo então uma inversão de valores. Hoje a capital valoriza a cultura sertaneja e o próprio sertão a descarta ou substitui por uma cultura efêmera, medíocre, suja, o chamado lixo cultural – como o caso do forró de raiz trocado pelo eletrônico/pornográfico.

Quem visitar o sertão
Procurando por cultura
Com certeza não será
Feliz em tal aventura
Sei que é triste o que digo,
Mas é a verdade pura.

O sertão hoje está
Envolto num lamaçal
Podre e talvez sem volta:
O do lixo Cultural.
Que eleva a porcaria,
Que valoriza o banal.

Acorda sertão o teu
Forró e o de raiz
O qual foi disseminado
Pelo Jackson e por Luiz
No Brasil, onde nasceu
O cordel? Sertão me diz...

Imagem: www.overmundo.com.br

Literatura de Cordel: Por que não tornar obrigatória em todos os níveis de Ensino?

Fonte: pt-br.paperblog.com

Por Marciano Dantas

Literatura de Cordel: Por que não tornar obrigatória em todos os níveis de Ensino? - Por Marciano Dantas

A novela da Rede Globo Cordel Encantado, está tentando resgatar uma das mais belas e melhores partes da Literatura, que é a Literatura de Cordel.
A Literatura de Cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para a venda pendurados em corda ou cordéis. Surgiu em Portugal e foi introduzida no Brasil logo após a chegada dos primeiros portugueses.
Os poemas da Literatura de Cordel são escritos em forma rimada e alguns são ilustrados com xilogravuras. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola.
Antigamente, quando não se tinha, ou mesmo quando a televisão não era um meio de comunicação tão popular, os poemas da Literatura de Cordel eram bastante lidos, pois os mesmos davam mais emoção que as novelas atuais. Sem contar que esse tipo de poema, mostra um pouco da vida das pessoas.
Infelizmente, a televisão, a Internet, dentre outros, estão fazendo com que a Literatura de Cordel seja esquecida, onde se você perguntar a um jovem se ele sabe o nome de algum cordelista, dificilmente responderá, mas se perguntar o que os personagens das novelas fizeram no capitulo anterior, ou tudo o que aconteceu no último Big Brother, com certeza saberá de cor e salteado.
Se a Literatura de Cordel viesse a ser obrigatória em todos os níveis do ensino escolar, incentivaria os nossos alunos a comprarem os poemas populares, além de valorizar muitos desses poetas que são esquecidos pelo Brasil afora.
O poeta de Carnaúba dos Dantas, Francisco Rafael Dantas – França (1935/2011), escreveu o poema “QUEM SOU”, que retrata um pouco do mundo de hoje e diz o seguinte:

Eu sou um certo volume,
Que a natureza gerou,
Perambulando no mundo,
Sem saber pra onde vou,
Sou andante peregrino,
Cumpro as ordens do destino,
Fazendo o que ele ordenou!

Eu sou a destruição,
Das coisas do criador,
Estou poluindo o mundo,
Sem ouvir superior,
Odeio meu semelhante,
Sou educado, ignorante,
Sou amigo e traidor!

Comigo veio o amor,
A vingança e a maldade,
Semeei a ambição,
O orgulho e a vaidade...
Quando cheguei no poder,
Fiz de tudo sem fazer,
Longe da dignidade!

Sou leal sem lealdade,
Sei amar sem ter amor,
Sou justiça sem justiça,
Sou justo e enganador,
Sabido sem consciência,
Sou a paz com violência,
Sou critério sem pudor!

Sou o vírus da desgraça,
Sou orgulho, sou bondade,
Sou aquele pregador,
Que fala em felicidade,
Em amor e união,
Mas dentro do coração,
Só tem ódio e crueldade!

Sou quem contamino o mundo,
Sou matéria enfraquecida,
Sou bonança, sou miséria,
Sou vida matando vida...
Sou puro sem ter pureza,
Sou um nobre sem nobreza,
Sou limpeza poluída!

Sou aquele desalmado,
Que mata pelo prazer,
Sou aquele poderoso,
Brigando pelo poder...
Sou promessa sem cumprir,
Sou alegre sem sorrir,
Faço tudo sem fazer!

Sou marginal assaltante,
Estuprador, desordeiro,
Sou rico sem ter riqueza,
Sou sincero e traiçoeiro.
Sou amável sem amar,
Sou devedor sem pagar,
Só acredito em dinheiro!

Só vejo quem vai na frente,
Não olho quem vem atrás...
Sou gente odiando gente,
Dou pouco e recebo mais;
Bato palma pra quem erra,
Sou um amante da guerra,
E o inimigo da paz!

Sou covarde e traidor,
Sou corrupto e sou ladrão,
Sou criminoso assaltante,
Sem alma e sem coração,
Sou safado e orgulhoso,
Sou bandido e mentiroso,
Sou o rei da criação!

Francisco Rafael Dantas. Carnaúba dos Dantas – RN, 09 de março de 2006.

Infelizmente, o que disse o poeta Francisco Rafael Dantas nesse poema, é a pura realidade do que vemos nos dias de hoje.

Por Professor Marciano Dantas
Natal/RN

A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro vai falar sobre a literatura de cordel em 2012 – CONFIRA A SINOPSE:

Fonte:sambasul.com

 

A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro vai falar sobre a literatura de cordel em 2012. O enredo tem o título "Cordel Branco e Encarnado" e será desenvolvido pelo carnavalesco da escola, Renato Lage.

Confira a sinopse:

SALGUEIRO 2012

(Cheio de poesia, imaginação e encantamento) apresenta:

Cordel Branco e Encarnado

Minha “fia”, meu senhor
Deixa eu me apresentar
Sou poeta e meu valor
Vai na avenida passar
Basta imaginação
Um “cadim” de inspiração
Que eu começo a versar

Vou cantar a minha arte
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, a boa trova
Era demais importante!

Foi assim que o mar cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno o os doze pares
Desfilando pelos mares
Da mais real fidalguia

E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei

Também tem causo famoso
Que nasceu lá no Oriente
De um tal misterioso
Pavão alado imponente
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente

Todas essas histórias
Renasceram no sertão
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não houve um brasileiro
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação

Pra viajar no meu verso
É preciso ter “corage”
Vai que um bicho perverso
Surge que nem “visage”?
Nas matas sertão afora
Lobisomem, caipora
Que medo dessas “image”!!

Pra findar esse rebuliço
Rezar é a solução!
Valei-me meu “padim” Ciço!
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!

E não é que meu santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória afinal
É cantar com alegria
Fazer verso todo dia
Na terra do carnaval

Ao ver chegar a tal hora
Da minha “alegre” partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida

Pois eles hão de herdar
Todo esse sertão sonhado
Monarcas que vão reinar
Na corte do Sol dourado
Poetas de tradição
Recebam de coração
Um cordel Branco e Encarnado

E agora eu vou sem medo
Fazer festa “de repente”
Vai nascer um samba-enredo
Pra animar toda a gente
Afinal, não sou melhor
Muito menos sou pior
Só um poeta diferente!

Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural

Arquivo Públlico promove exposição de cordéis raros (Recife – PE)

Fonte:  educacao.pe.gov.br

Inicialmente eram cantados e, há alguns anos, foram utilizados como meio de comunicação para as camadas mais humildes da população. Atualmente são valorizados como parte da cultura nordestina e fonte de pesquisas históricas. Os cordéis, poesias rimadas que falam de maneira criativa, porém direta, sobre as trivialidades da vida são os objetos da exposição realizada pelo Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (Apeje) e que, nesta quarta-feira (20), contou com uma mesa redonda composta pelos pesquisadores Maria Alice Amorim, Paulo Moura e Felipe Júnior.
Na mostra, podem ser encontradas 94 obras raras, datadas a partir de 1908, e assinadas por João Martins de Athayde, um dos precursores da impressão dessa literatura. O artista é considerado um marco na arte, uma vez que inovou os leiautes da capa e se tornou um editor de cordéis. “Foi a partir de Athayde e Leandro Gomes de Barros que os livretos passaram a ser impressos e incorporados como o jornal do pobre, pois trazia informação do cotidiano através de textos lúdicos e de fácil leitura”, esclareceu o pesquisador e poeta cordelista, Paulo Moura.
Athayde utilizava, além das xilogravuras, fotografias de atrizes famosas da época e desenhos personalizados para cada livreto. Foi a partir dele que iniciou-se a prática de contratos de compra de direitos. Ele negociava com os poetas e publicava os cordéis assinando como editor-proprietário e, posteriormente, passou a retirar a autoria dos artistas, fato que o torna polêmico. “Grande parte dos cordéis de Leandro foram assinados por Athayde. Muito de sua fama se deve a outros autores”, contou o advogado e escritor Pedro Nunes Filho, também parente de Leandro Gomes de Barros.
Na exposição, que acontece até 5 de agosto, podem ser encontrados, além dos cordéis, 28 baneres confeccionados pelo Apeje e que retratam um pouco da vida do artista e das suas obras. “Nosso objetivo é trazer para a população a oportunidade de conhecer a literatura de cordel, dinâmica e lúdica. Ela chega a atrair a atenção não apenas de pesquisadores da área, mas também do público comum, dos novos leitores. Trabalhar essa temática com obras tão importantes para a nossa cultura e em um arquivo tão privilegiado de documentação é maravilhoso”, comemorou a professora técnica do Apeje e mestre em História Colonial, Andrea Barreto, também organizadora do evento

Fotos: Alyne Pinheiro

Assessoria de Comunicação

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lançamentos de folhetos aditivam a literatura de cordel

Fonte: marcohaurelio.blogspot.com

       O cordel vive uma fase efervescente. As duas principais editoras do gênero apresentam seus lançamentos.

      A Tupynanquim, de Fortaleza, dirigida pelo poeta Klévisson Viana, chega com uma fornada que reúne nomes  como Bule-Bule (Duelo de bruxos ou a pomba e o gavião), Evaristo Geraldo e Pinto de Ouro (O Príncipe valente e a Princesa Encantada) e Zé Barbosa (História de Justino e o cachorro Joli).

     Outro lançamento é a coleção Pequena Sereia, que traz clássicos do grande escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, recriados pela verve sempre arguta de Paiva Neves. Os títulos são A polegarzinha, O soldadinho de chumbo, O patinho feio e, claro, A pequena sereia. Paiva é autor de uma versão memorável de O príncipe e o mendigo, de Mark Twain, para a coleção Clássicos em Cordel da editora Nova Alexandria.

A Luzeiro de Gregório Nicoló também traz novidades. Entre elas, um cordel picaresco de Franklin Maxado, Gracinha Corneteira, a Malasartes de saia, e Pergunta idiota, tolerância zero!, de Varneci Nascimento. Os dois são de temática jocosa.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

A LITERATURA DE CORDEL

Fonte: ecodesenvolvimento.org.br

cordel
Foto: Academia Brasileira de Literatura de Cordel/Divulgação

Os livros de cordel já foram muito estigmatizados no passado. Escritos em linguagem despreocupada com as normas do português e impressos em folhas cortadas pelos próprios autores, os livretos de 8 a 32 páginas são parte da artesanal e rica cultura nordestina.

Atualmente, o cordel é respeitado e possui um público fiel encantado com as poesias - retratos de tristezas e alegrias de quem vive no sertão brasileiro. Há, inclusive, uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel que disponibiliza tiragens e mais tiragens de cordéis que marcaram história, além de realizar eventos com encontros de poetas populares.

A prática de contar em versos os acontecimentos e a imaginação surgiu na Europa, antes mesmo do descobrimento do Brasil. Mas com a colonização das Américas, essa cultura popular se espalhou junto aos portugueses, espanhóis e franceses que vieram para o novo mundo.

Apesar de ser considerada uma manifestação mais cultural do que intelectual, o cordel também possui uma variedade de métricas. Uma das mais usadas em combates de oratória é a sextilha, feita de seis versos. Esta é a modalidade mais rica, pois possui cinco estilos de estrofe diferentes com rimas em versos alternados ou seguidos, a depender do modelo.

Entre os primeiros mestres da literatura de cordel brasileira está o pernambucano Leandro Gomes de Barros. Ele escreveu mais de 230 obras, entre elas "História do Cachorro dos Mortos", que vendeu mais de um milhão de exemplares e já é domínio público.

domingo, 3 de julho de 2011

CORDEL EM EVIDÊNCIA

Fonte: martinhoalves.blogspot.com

           A recente novela apresentada pela Rede Globo de Televisão, sob o título Cordel Encantado, de Thelma Guedes e Duca Rachid, desperta novamente no nosso povo, o interesse pela literatura de cordel, aqui introduzida pelos portugueses na época da colonização.

           Essa literatura muito enraizada nos estados de Paraíba, Pernambuco, Ceará e Grande do Norte, é típica do Nordeste brasileiro e aborda temas muito ligados ao nosso imaginário como o cangaço (Virgulino Ferreira), padre Cícero Romão e frei Damião, suicídio de Getúlio Vargas, grandes secas (1877 e 1899), morte de João Pessoa, vida e obras do padre Ibiapina, etc.
           Os folhetos impressos, eram expostos à apreciação pública, pendurados em cordões estirados entre dois pontos, pelo que passou a ser denominado de cordel, e os poemas ali contidos são recitados ou cantados em forma de repentes, o que atrai muito mais pessoas do povo, nas feiras livres das cidades do nosso Nordeste, principalmente, ou em praças públicas de grandes centros.

           O Maior São João do Mundo realizado no Parque do Povo, na cidade paraibana de Campina Grande, este ano, reservou mais uma vez um espaço para exposição desses trabalhos poéticos, sob a tutela do poeta cordelista Manoel Monteiro, autor celebrizado de mais de duzentos títulos.

Artigo de Daniel Buarque no g1.globo.com

Literatura de cordel é tema de exposição em Porto Alegre com apresentação musical de Beto Brito

Fonte: agencia.fecomercio-rs.org.br

Entre os dias 18 e 23 de julho, Porto Alegre recebe a exposição “O Cordel e o Cantador – Mostra didática sobre literatura de cordel”. As obras que compõe a mostra estarão à disposição para visitação no Café Sesc Centro (Av. Alberto Bins, 665), das 9h às 19h, com entrada franca.

A exposição pretende resgatar a literatura de cordel, reproduzindo no formato comum, onde os cordelistas/poetas populares apresentam seus trabalhos pendurados em cordões, com as capas voltadas para o público, além de destacar o papel do cantador ou repentista. A atividade faz parte da agenda do Arte Sesc – Cultura por toda parte e antecede as comemorações do Mês do Folclore, que acontece em agosto.

Integra a programação, o espetáculo musical “Bazófias”, de Beto Brito, que será apresentado no dia 21 de julho, às 20h, no Teatro do Sesc. Os ingressos podem ser adquiridos a partir do dia 1º de julho no Sesc Centro por R$ 5,00 comerciários com Cartão Sesc; R$ 10,00 classe artística, estudantes e idosos; R$ 16,00 empresários; e R$ R$ 20,00 usuários e comunidade em geral. Outras informações pelo telefone (51) 3284-2070.

“Bazófias” é um disco atemporal, cujas letras, foram musicadas do seu livro: “O Maior Cordel do Mundo, Bazófias de Um Cantador Pai Dégua”. A rabeca se mostra imponente, altiva e vigorosa, executada com simplicidade, porém com firmeza e maestria, em arranjos crus, entre guitarras e loops marcantes. Estes loops definem com precisão e ousadia a sonoridade pesada e rústica de uma musicalidade atípica, transcendental, nordestino-brasileira, superando conceitos e rótulos convencionais.

A literatura de cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel. Chamam a atenção pela forma que são expostos para venda: pendurados em cordas ou cordéis, fato que deu origem ao nome dado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores ou cordelistas recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Sobre o Sesc - No Rio Grande do Sul, o Sesc está presente em mais de 450 municípios com atividades sistemáticas em áreas como a saúde, esporte, lazer, cultura, cidadania, turismo e educação. Desta forma, o Sesc/RS desempenha o papel social assim como o Senac/RS o da qualificação profissional do Sistema Fecomércio-RS que atua em âmbito econômico, político e social pela constante qualificação e crescimento do setor terciário gaúcho. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.sesc-rs.com.br.

Imagem: portalcorreio.com.br

sábado, 2 de julho de 2011

Cordéis ironizam o mundo político

Fonte: jconline.ne10.uol.com.br

Livretos, que foram a maior fonte de notícias políticas no interior do Brasil de meados do século 20, seguem criticando a corrupção e são destaque na Fenearte

Por: Cláudia Vasconcelos

 

Entre as décadas de 1920 e 1950, notícia importante na política se espalhava pelo interior do Nordeste não por jornal ou rádio. A eleição de um senador, a morte de um político importante e denúncias de corrupção chegavam à boca do povo pelos versos dos folhetos de cordel.

A chegada da televisão e, posteriormente, da internet diminuíram esse papel desempenhado pela literatura que se pendura em cordinhas. Porém a arte dos poetas populares não se entrega. Ao lado de temas como futebol, traição, sogra e “causos”, a política segue sendo vítima de crítica mordaz nos livretos xilogravurados.

Tema deste ano da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), a literatura de cordel invadiu até os estandes que não costumam vender os folhetos. A pedagoga e cordelista olindense Rivani Nasario destila veneno contra a corrupção em Políticos Picaretas, no qual critica os que fazem promessas vãs em busca de um mandato que só trará benefícios aos eleitos.

Mas esse não é a primeira incursão dela pelo tema. Em 2008, chegou a ter um poema proibido de circular pela Justiça porque um candidato sentiu-se ofendido pelas rimas. “O cordel se chamava Político Xexeiro e falava de um candidato a prefeito de Olinda. Ele entrou com ação e o Tribunal Regional Eleitoral mandou recolher as cópias. Então fiz Políticos Picaretas como resposta”, conta.

Uma das estrofes diz: “Têm políticos nervosos / As propostas nunca têm / Só sabem mesmo é brigar / Competência é no além / Só pensam em ganhar dinheiro / Pra família se dar bem”.

Rivani vê no cordel um meio de esclarecer a população. “Uso os cordéis como instrumento pedagógico, para que meus alunos melhorem seu voto. Não faço política partidária, meu trabalho é instrumento de democracia”, discursa a artista, professora na rede pública de Olinda (Grande Recife).

Há quem teça comentários elogiosos acerca de políticos que admira, como o cordelista Adelmo Vasconcelos. Um dos mais recentes traça a biografia da presidente Dilma Rousseff (PT). Diz um trecho: “O pobre e o grãfino / Que torcem pelo Brasil / Sabem que Dilma venceu / Por seu porte, seu perfil / E a sua competência / Dentro da Casa Civil”.

Mas Adelmo já escreveu também sobre o mensalão, maior escândalo de corrupção durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). “Política sempre rende cordel, e o tema mais frequente é corrupção. O Brasil, sendo um país tão bonito, não merece os políticos que tem."

A chegada do ex-deputado federal Severino Cavalcanti (PP) à presidência da Câmara Federal, em 2005, tampouco escapou aos poetas populares. Denúncias de nepotismo e a promessa de aumento salarial aos parlamentares fazem parte das críticas em verso.

Outro personagem frequente é o ex-presidente Lula, que em O desabafo do matuto, do cordelista Davi Teixeira, ouve poucas e boas de um sertanejo irritado com o descumprimento de promessas.

Altair Leal, também cordelista do Estado, só ressente-se do fato de os cordéis políticos não fazerem tanto sucesso quanto em meados do século passado. “A notícia corria no cordel. Como a maior parte do povo do interior soube da morte de Getúlio Vargas? E como Lampião ficou tão famoso?”, relembra.

Segundo a Fundação Joaquim Nabuco, de fato os 60 títulos de cordel sobre a morte de Vargas foram um fenômeno: venderam dois milhões de cópias.

Resta saber se a Fenearte vai contribuir para ressuscitar parte desse êxito. A feira segue no Centro de Convenções de Pernambuco até domingo, dia 10. Ingressos custam R$ 6 de segunda a quinta e R$ 8 sexta, sábado e domingo, com meia entrada.

Video: youtube canal JornaldoCommercio1

O IMPOSTO NA LITERATURA DE CORDEL


Fonte: fotolog.terra.com.br

por ARIEVALDO VIANNA 

          Dizem que o povo brasileiro é alienado, que não protesta ante a terrível carga tributária que o oprime. Milhões se reúnem nas ruas para brincar carnaval, torcer pela seleção ou mesmo participar da Parada Gay (por favor não pensem que se trata de homofobia, estou apenas ressaltando que essa manifestação consegue reunir milhões de cidadãos e cidadãs brasileir@s em torno de uma causa), mas ninguém vai às ruas protestar contra os impostos abusivos e, pior ainda, ninguém está interessado em saber o destino desse dinheiro que deveria retornar em forma de benefícios para o povo, mas que na verdade acaba sendo desviado, na maioria das vezes, por políticos desonestos e inescrupulosos.
           Na opinião da socióloga Lúcia Luiz Pinto (Revista de História da BN, agosto de 2007), “o povo não entende a quantidade de impostos que paga. Nem tem conhecimento pleno de que, quando compra cachaça, roupa, comida, esses produtos estão lotados de impostos. Ao contrário do que se diz, não existe uma população à margem da economia. Mesmo o mendigo, a criança de rua, compram seus cigarros, sua comida, e, portanto, pagam impostos.”
          Enquanto isso, os ricos vão ficando cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres e a tal da classe média baixa é quem termina pagando o pato. No início do século passado, ainda na chamada República Velha, o poeta popular Leandro Gomes de Barros, ainda hoje considerado o maior expoente da literatura de cordel no Brasil, fez inúmeros folhetos, que eram verdadeiros libelos contra os abusos do governo e o arrocho fiscal em cima das camadas mais pobres da população. Folhetos como “O imposto de honra”, “A mulher e o imposto”, e “O povo na cruz” demonstram a indignação e a clarividência deste porta-voz das massas nordestinas. Graças ao esforço da professora Ivone Maya e sua equipe, os folhetos do grande menestrel paraibano, pertencentes à coleção da Casa de Rui Barbosa, encontram-se digitalizados para consulta na internet www.casaderuibarbosa.gov.br/cordel

O POVO NA CRUZ
(trechos)
Alerta, Brasil, alerta!
Desperta o sono pesado,
Abre os olhos que verás
Teu povo sacrificado
Entre peste, fome e guerra
De tudo sobressaltado.

 
O brasileiro hoje em dia
Luta até para morrer,
Porque depois dele morto
Tudo nele quer roer,
De forma que até a terra
Não acha mais que comer.


A fome come-lhe a carne
O trabalho gasta o braço
Depois o governo pega-o
Há de o partir a compasso
Estado, alfândega, intendência.
Cada um tira um pedaço.

O médico cobra a receita
O boticário a meizinha,
O juiz confisca logo
Alguns bens, se acaso tinha,
Inda ficando uma parte
Diz a Intendência: - É minha!


Assim morre o brasileiro
Como bode exposto à chuva,
Tem por direito o imposto
E a palmatória por luva
Família só herda dele
Nome de órfão e viúva.
(O povo na cruz)